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    À procura dos especialistas de amanhã

    Uma entrevista com peritos do sector sobre a escassez de trabalhadores qualificados

    No âmbito da Open House anual, a Tebis organizou uma mesa-redonda. Discutiu com especialistas do setor sobre o tema de falta de trabalhadores especializados. Que competências deverão ter os líderes de amanhã? Como encontrar e motivar a nova geração? Fica aqui o resumo da reunião.

    AUTORA Susanne Schröder (© Hanser/Schröder)

    Trabalhadores qualificados são um fator-chave para a competitividade. No entanto, estudos mostram que já hoje existe uma evidente escassez de trabalhadores qualificados. Isto irá aumentar ainda mais devido à evolução demográfica.

    Porque faltam trabalhadores qualificados no nosso setor?

    Foi com essa pergunta que Jens Lüdtke, da Tebis AG, abriu a mesa de discussão. Cada um dos participantes está pronto para uma troca aberta e também pronto para se questionar criticamente. Do ponto de vista empresarial, emergem as seguintes razões:

    • Falta de agilidade: Na prática, é difícil reagir espontaneamente às mudanças do ambiente empresarial ou o tópico pode não ter a prioridade necessária.
    • Falta de pensamento digital: Não basta comprar software e analisar processos. Todos os participantes têm também de "mudar o interruptor na cabeça". Esquecemo-nos de ver a digitalização como algo atrativo. Existem outras profissões mais apelativas.
    • Caraterísticas regionais: Com empresas como a Porsche ou ZF nas imediações, é difícil atrair colaboradores.
    • Exigências crescentes: Os colaboradores estão a tornar-se mais exigentes, o salário por si só não é decisivo. O ambiente e as condições de trabalho são cada vez mais importantes.
    • Imagem do setor: A profissão de fabricante de ferramentas "já não é sexy". Poucos querem trabalhar numa máquina suja.
    • Redução da qualidade dos candidatos: Muitos continuam a estudar, mas cada vez menos são os que se candidatam a estágios.
    • Formação: é uma coisa do passado. Especialmente as escolas de formação profissional não transmitem a informação que as empresas desejam.

    O tema da formação é premente para os participantes.

     

    Como deve funcionar a formação

     

    Neste ponto estão quase todos de acordo: As escolas de formação profissional não transmitem a informação e os conhecimentos que as empresas necessitam. Assim, as empresas são obrigadas a dar formação aos próprios colaboradores. No passado, os formandos eram muitas vezes treinados em máquinas antigas, mas hoje em dia é necessária a utilização de tecnologia moderna.

    Um ato de equilíbrio para muitos empresários, como explica Joachim Reiser: "Não posso colocar um formando numa máquina de 700 000 euros durante oito horas, com a máquina sem estar a funcionar produtivamente. Isto é muito difícil para as pequenas empresas".

    Onde antigamente os fresadores, os ferramenteiros e os retificadores mecânicos costumavam trabalhar na produção, hoje em dia são procurados talentos versáteis que operam máquinas de 5 eixos contínuos, conhecem as ferramentas e os parâmetros NC e conseguem juntar tudo de forma adequada.

    Anton Schweiger concorda: "Mas isso também torna o trabalho mais atraente. É isso que atrai os jovens. Eles têm um simulador, podem intervir, melhorar os processos. É Plug-and-Play. Os nossos períodos de formação têm sido bastante reduzidos. Após meio ano, os formandos estão já a trabalhar e também deixo jovens com 17 anos trabalhar em automatizações. Tem de se confiar neles para fazer isso".

    Benjamin Reisinger comenta: "Também fizemos a experiência. Estamos a fazer turnos alternados durante o fim-de-semana. Os formandos já equipam o Hermle durante o primeiro ano de formação. Após meio ano têm de estar familiarizados com as máquinas de cinco eixos, sistemas CAD/CAM e valores de avanço".

    Para a mesa-redonda há outro ponto importante relativo à formação: É necessário haver formadores qualificados e motivados – isso é essencial. As empresas têm de estar empenhadas para receberem boas candidaturas para as suas posições de formandos. Receber estagiários, participar em dias abertos nas escolas, convidar turmas inteiras ou participar em feiras de formação podem fazer a diferença.

    Diretor da VDWF, Ralf Dürrwächter: "Há empresas que se queixam que não recebem boas candidaturas, mas não fazem nada para mudar essa situação. Outros vão às escolas várias vezes por ano, organizam eventos de Dias Abertos, abordam ativamente as pessoas".

    Anton Schweiger vai ainda mais longe: "A realidade, hoje em dia, somos nós, como empresa, que nos candidatamos aos trabalhadores, e não o contrário". Isso inclui também um local de trabalho atrativo.

    Diretor da VDWF, Ralf Dürrwächter

    Diretor da VDWF, Ralf Dürrwächter: "As empresas não se devem queixar, devem sim abordar ativamente os jovens, por exemplo, com eventos nas instalações da empresa".

    (© Hanser/Schröder)

    Que condições deve uma empresa oferecer hoje em dia

    Não só para os formandos, mas também para todos os colaboradores, o fator de bem-estar desempenha hoje um papel importante numa empresa. Para além do "hardware", como as máquinas, também o mobiliário, os espaços verdes ou plantas, a decoração, a sala de descanso, refeitório ou café para colaboradores são aspetos valorizados.

    Bernhard Rindfleisch: Temos de trabalhar permanentemente para nos mantermos atrativos como empresa. Hoje em dia, a entrevista de emprego começa, muitas vezes, com a questão da compensação de horas extraordinárias.

    O que tenho para oferecer? Onde posso divulgar? Graças a vários portais e avaliações, as empresas tornaram-se muito mais transparentes para o candidato".

    Harald Seeßle: "Mesmo pequenas coisas podem ser úteis. Por exemplo, o café e a água são gratuitos para os nossos colaboradores". Há muitas ideias para ligar os colaboradores à empresa. Na mesa-redonda foram discutidas as seguintes medidas:

    • Horário de trabalho: modelos atrativos de horário de trabalho com horário flexível, trabalhar a partir de casa e redução de horas extras.
    • Parque de máquinas: máquinas inteligentes em ambientes de produção limpos onde é agradável trabalhar.
    • Participação: discutir, ouvir e incluir os colaboradores nas decisões.
    • Equilíbrio trabalho/vida: ajustar às condições familiares de cada um, promover o convívio.

    Mesmo que pareça contraditório no início: apesar de os colaboradores de hoje desejarem muita liberdade, ainda há os que querem uma liderança forte. Anton Schweiger: "Há colaboradores que procuram liderança. Temos de os saber orientar. Não chega ser um bom técnico". E piscando o olho, o diretor acrescenta:

    "Ter-me-ia sido bastante útil estudar psicologia durante dois semestres". Na Schweiger tenta-se evitar pressões. Onde antes se dizia: "hoje só vais para casa quando acabares isto", hoje tenta-se motivar as pessoas para que sejam elas a sugerir isso.

    Joachim Reisinger: "Antigamente andava-se muitas vezes com um pau nas mãos ... Agora as coisas são diferentes. Quando há um conflito, primeiro acalmo-me, e após dois dias sento-me com o colaborador, quando já estou menos emotivo. Assim consegue-se muito mais".

    Autoritário ou cauteloso?

    Todos os participantes estão de acordo num ponto: Um chefe pode, definitivamente, mostrar emoções, mas não pode impor-se de forma autoritária. Pelo contrário, ele deve cultivar um estilo de liderança que garanta um ambiente de trabalho agradável.

    No final da conversa, os fatores mais importantes que podem contrariar a escassez de colaboradores qualificados são novamente resumidos:

    • os chefes são obrigados a criar mais recursos para os recursos humanos.
    • Fazer da liderança uma prioridade e realizar as formações adicionais adequadas na empresa.
    • Criar mais flexibilidade e tempo livre para os colaboradores.
    • Procurar um intercâmbio aberto com outras empresas. Porque partilhar conhecimento é importante, não apenas saber.
    • Oferecer salários mais elevados nas PME e benefícios não financeiros.
    • Introduzir a gestão do conhecimento para documentar a perícia da "velha guarda".

    Mesmo que todos estes pontos pareçam uma lista de desejos que dificilmente pode ser cumprida, para os participantes na mesa-redonda é claro que estes temas têm de ser enfrentados. Cada empresa deve desenvolver o seu próprio plano de ação para contrariar a escassez de trabalhadores qualificados.

    Uma rede como, por exemplo, a VDWF, é muito importante. Anton Schweiger: "Temos de abrir a nossa mentalidade, olhar uns para os outros nas empresas para que cometamos o menor número possível de erros e aprendamos uns com os outros para avançarmos juntos. Caso contrário iremos perder o futuro".

    Participantes da mesa-redonda:

    Na indústria, a Tebis não representa apenas CAD/CAM e consultoria, mas é sempre um impulsionador do trabalho em rede e de parcerias. Para além de várias palestras técnicas e tecnológicas, a Tebis Open House deste ano também incluiu reuniões de gestão. Estas foram moderadas por Jens Lüdtke da Tebis AG. Os participantes da mesa-redonda sobre a escassez de colaboradores qualificados foram:

     

    • Ralf Dürrwächter: Diretor da VDWF
    • Benjamin e Joachim Reisinger: Reisinger Modellbau GmbH
    • Bernhard Rindfleisch:  Presidente do Conselho de Direção da Tebis AG
    • Anton Schweiger: Diretor da Schweiger Werkzeug- und Formenbau e Vice-Presidente da VDWF
    • Harald Seeßle: Diretor da S&G Zerspanungstechnik GmbH
    • Andreas Sutter
    Os peritos do sector sobre a escassez de trabalhadores qualificados
    Bernhard Rindfleisch, fundador e CEO da Tebis
    Fundador da Tebis Bernhard Rindfleisch

    Fundador da Tebis Bernhard Rindfleisch: "Os jovens de hoje são organizados digitalmente. Temos de adaptar as empresas de acordo.“

    (© Hanser/Schröder)